Dia 13/4 foi apresentado no Jornal do Almoço uma reportagem sobre uma medicação que aumenta a sobrevida de pacientes com câncer de mama. Na reportagem a medicação foi descrita como uma vacina mágica para pacientes com a doença. Só que não é bem assim...
Abaixo está um pequeno parágrafo de um estudo explicando de maneira mais detalhada o medicamento citado na reportagem:
O pertuzumabe é um remédio chamado de "anticorpo monoclonal", pois ele se liga a um receptor (uma espécie de "porta de entrada" para a célula) que pode estar presente em até 25% dos tumores malignos da mama e é chamado de HER2. Ele NÃO É UMA VACINA. Recentemente foram publicados os resultados de um estudo que avaliou o uso do pertuzumabe EM ASSOCIAÇÃO ao já conhecido e aprovado trastuzumabe e também a um quimioterápico chamado docetaxel. Cabe salientar que tal estudo avaliou pacientes com doença disseminada, ou seja, com metástases (raízes) para outros locais que não somente a mama ou a axila. Além disso, para entrar no estudo, as pacientes deveriam ter exames comprovando que os tumores expressavam o receptor HER2. Então, estamos falando dos resultados de um tratamento que só pode ser utilizado no contexto anteriormente citado: pacientes com câncer de mama HER2-positivo e com doença metastática, avançada. O nome deste estudo é CLEOPATRA e, como a maioria dos estudos clínicos que testam medicamentos novos em câncer de mama, foi desenvolvido em várias instituições estrangeiras e também brasileiras, entre elas o Hospital Conceição, em Porto Alegre. Mas o remédio não está disponível neste hospital nem foi desenvolvido localmente. Um total de 808 pacientes foram sorteadas para receber o tratamento convencional (trastuzumabe + docetaxel) com ou sem pertuzumabe. No grupo que recebeu pertuzumabe, as pacientes levaram mais tempo para apresentar progressão (ou piora) da doença e também houve menor número de mortes. Vejam bem que estamos falando de doença avançada e que o pertuzumabe ainda não está aprovado para comercialização. Como os resultados deste estudo foram bem positivos, está sendo realizado um estudo avaliando a combinação de pertuzumabe com trastuzumabe para pacientes que já estão curadas do câncer - mas a conclusão deste novo estudo ainda vai demorar alguns anos para sair.
Enviado pela oncologista do Hospital Moinhos de Vento Daniela Dornelles
Enviado pela oncologista do Hospital Moinhos de Vento Daniela Dornelles
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